Foto de Julio Sampaio - Portugal |
Chegamos a fazenda no fim da tarde. Era dia de arraiá. Dia de Santo Antônio Casamenteiro.
O sol já estava indo embora, mas por estarmos isolados da cidade, rodeados pelo campo e pelo pasto, o céu trazia uma cor belíssima. Já nos devidos trajes de caipira, com chapéu de palha, maria chiquinha e dente faltando, selamos nossos cavalos e fomos até a igrejinha da fazenda vizinha, onde ia acontecer o arraiá.
No meio do caminho eu decidi mudar os planos. Pedi para ela me acompanhar e comecei a trotar mais forte com o cavalo. Ela ficou para trás, mas não me perdeu de vista e ficou gritando para que eu a esperasse. Não dei bola, fazia parte da brincadeira.
Chegamos ao mirante improvisado no pico do pasto. Ela queria me matar por eu tê-la feito correr tanto. A luz natural começou a ir embora, e nós fomos ficando no escuro e então ela percebeu por que eu a tinha levado ali. Em primeiro lugar, não ficamos no escuro, o céu estava todo estrelado e a lua iluminava todo o campo. As luzes da cidade começaram a se acender aos poucos, e de uma hora pra outra a paisagem ficou linda.
- É lindo! - ela disse.
Olhei pra ela e vi que as lágrimas escorriam no seu rosto de caipira. Ela chorava compulsivamente. A surpresa a atingiu de uma forma inesperada que aflorou a sua sensibilidade. Ela me encarou e não conseguiu fazer nada, apenas me abraçou com muita força. Eu a coloquei em meu peito. Queria que ela se sentisse segura perto de uma pessoa que a ama. Uma pessoa que sempre terá um abraço acolhedor nas horas difíceis. Ficamos uma eternidade abraçados.
Eu me ajoelhei ao lado dela, peguei as duas alianças no meu bolso e...
- Quer casar comigo?
Ela não respondeu.
Depois disso fomos para o arraiá, entramos na igreja e fizemos questão de agradecer o Santo Antônio, o Santo Casamenteiro.
Viva Santo Antônio!
Viva o nosso amor!
Mesmo que por enquanto fique só na quadrilha.
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