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11.5.13

#43 - Alicerce

Alessandro Assunção - Paraíba - Brasil



Em mural improvisado coloquei a foto do nosso 1º mês. Era uma das dezoito fotos da caixa. Como era bom resgatar o que o tempo deixou pra trás. Éramos apenas duas crianças.
  
Nunca soube o que é namorar de verdade. Sempre fui melhor amigo da liberdade, típica dos homens. Não deixava eu me prender em você, talvez por medo, talvez por orgulho. O tempo, no entanto, me provou ao contrário. O tempo me prendeu em você.

Nos encontramos após a ressaca de amores passados. Um passado de ilusão. Ilusão de confundir amor com um grão de areia.

Uma atração forte já nos primeiros dias. A diferença é que os dias eram um após o outro. Não nos permitíamos pensar no futuro. O dia era um jogo e eu me doava na esperança do amanhã. Jamais imaginaria que seria assim, como foi o primeiro mês.

O mundo parou só pra pensar em você. Ainda não conhecia seu mistério, cada curva do seu corpo. Ainda não sabia o verdadeiro sabor do seu beijo. Decifrava aos poucos um olhar ambíguo e mágico.

Começamos a procurar juntos os nossos refúgios. Os dias pareciam semanas. As semanas, meses. E o intenso pareceu brincadeira perto da leveza em que tudo fluía. Achávamos significados em cada ato, achávamos magia em cada beijo.

Interpretava a sua timidez e o silêncio nunca foi tão preenchido. Os abraços nunca foram tão quentes. Prendíamos-nos por medo. Adiávamos a despedida com medo de não haver o reencontro.

E agora, esse reencontro ainda é uma incógnita. Nesse conta-gotas de memória revivo o passado. Como nossos primeiros dias, sem saber o futuro, sem saber o amanhã. 


3 comentários:

  1. Temer é tão forte que, por vezes, tentamos ser forte, mas o amor é maior. O sentimento acaba sendo tão lindo que nos deixa fragilizados diante de tudo. E ao invés de fugirmos e evitar este sentimento, acabamos nos rendendo. :-)

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  2. Nos render ao amor é o mesmo que nos entregarmos ao paraíso.

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