Julien Coquentin - Lassouts, France |
O parque já estava praticamente vazio e escuro, e nós
deitados sobre as folhas secas. De repente começou uma ventania insuportável,
um vento gelado que doía até os ossos. Aos poucos, começamos a nos afastar um
do outro. Parecia que o vento puxava os dois para lados opostos. Eu não
conseguia me mover, queria correr, me aquecer. Era um frio insuportável. De
longe, ela me olhava e ria sarcasticamente. Despedia-se, e eu sem poder fazer
nada. Com o vento ela se foi.
Não era possível, como eu não conseguia sair do lugar? O
parque já estava escuro e sem ninguém. E o vento aumentava, meu corpo esfriava,
até que começou a chover. Quando senti a primeira gota de chuva, comecei a me
debater. Parecia uma força magnética me prendendo ao chão. Eu fazia toda força
do mundo, e nada me tirava do desespero agonizante. O mundo parecia ser só eu
jogado no meio do parque. E aonde ela fora em vez de me ajudar? Será que ela
está fazendo tudo isso de propósito?
A água da chuva começou a me arrastar lentamente. Eu não
conseguia fazer nada, nenhuma reação. Relei os pés nas águas geladas do lago.
Todos começaram a rir. Eu não os via, mas escutava. Aos poucos, aumentava, e eu
agoniado naquele meio. Era o barulho do vento, da chuva e dos risos. Estavam
gostando de me ver naquela situação. Mas onde estavam todos? Onde ela estava?
Por que saiu correndo e rindo de mim?
Abri os olhos assustado, me debatendo e ofegante... As
lembranças me resgatam pra mais perto de você, o nosso começo, o nosso primeiro
beijo. Agora eu continuo só, como quando me debatia do frio, do vento, dos
risos sarcásticos. Nada muda.
Já era noite, e foi impossível não olhar para o céu cheio de
estrelas. Mas estrelas não fazem sentido se não temos alguém para dar sentido a
elas.
O sonho é uma dor falsa e virtual. A vida real é um sonho
com dor, e nós não podemos pedir para acordar.
Perfeito! O último parágrafo resumiu tudo!
ResponderExcluirLindo lindo lindo!
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